MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA GLÓRIA DE
PASSAGEM DE MARIANA
Matriz de Nossa Senhora da Glória de Passagem de Mariana.
Na direção oposta, subindo o Ribeirão do Carmo, surgiu o povoado que pela abundância de ouro em suas terras deu origem à maior mineração a céu aberto do século XVIII no mundo.
Iniciada pelos portugueses que usavam as técnicas de garimpo dos escravos africanos, a atividade foi estendida pelos Morros de Santo Antônio e Sant'Ana, constituindo atualmente as antigas lavras um valiosíssimo patrimônio arqueológico.
Em 1819 as minas, levadas à praça, foram arrematadas pelo Barão Von Eschwege que, com a sua Sociedade Mineralógica de Passagem, explorou-as por muitos anos, empregando métodos e maquinárias que se tornaram famosos , um marco na mineração mundial.
A primitiva Capela de Santo Antônio do Morro, localizado na fazenda de Maximiliano de Oliveira Leite, mais tarde se transformou em capela particular.
A edificação de uma nova capela data provavelmente de 1720, feita com recursos provenientes de esmolas dos fiéis, veio substituir a primitiva capelinha de pau-a-pique que ruiu em 1755. A primeira referência ao reinicio das obras da nova capela em pedra e cal data de 25 de abril de 1772, quando foi concedida a ordem para sua reedificação.
Nave da Matriz de Nossa Senhora da Glória.
Diante da inexistência de documentação, desconhece-se a data de conclusão das obras. Parece, entretanto, que a nova matriz já estava concluída em princípios do século XIX, pois, nas observações feitas por viajantes que passaram pelo local por essa época, não existe qualquer menção a serviços na capela. A Matriz de Nossa Senhora da Glória foi contemplada com recursos provenientes da Presidência da Província para realização de obras nos anos de 1861 e 1887. Durante este século, não foram encontradas notícias substanciais de reformas ou alterações na igreja. A fachada apresenta divisão em três corpos, separados por pilastras de cantaria. A portada de pedra tem verga esquerda e pequena cimalha, com porta almofadada. As duas janelas sobrepostas são de guilhotina, com marcos de pedra. O beiral é moldurado, interrompido no corpo central. Possui frontão triangular coberto com telhas de topo, tendo no vértice uma pequena sineira e uma cruz e relógio no lugar do óculo. Mais abaixo do telhado interrompido há um pequeno coruchéu de pedra de cada lado A capela é desprovida de torres. Internamente, os altares e retábulos apresentam rica ornamentação em talha dourada. Os laterais junto ao arco-cruzeiro são em arquivoltas, com pilastras, colunas torsas e nicho intercalado coberto com pequeno dossel, com todos os elementos profusamente esculpidos. O retábulo da capela-mor é do mesmo estilo e de maiores proporções, mas com colunas torsas geminadas e nichos intercalados. O forro da nave, em abóbada de berço, apresenta pintura decorativa em painéis. O arco-cruzeiro é todo em pedra, encontrando-se sobre o mesmo uma grande tarja barroca. O coro tem guarda-corpo de balaústres torneados, e possui cartela pintada na parede. Destacam-se ainda os dois púlpitos bombeados e esculpidos. Texto extraído de: IEPHA/MG. Superintendência de Documentação Histórica. Arquivo. SOUZA, Wladimir Alves de: Guia dos Bens Tombados. Minas Gerais. 1984.
Coro da Matriz de Nossa Senhora da Glória.
Retábulo lateral de Nossa Senhora do Rosário.
Bela Imagem de Sant'Ana Mestra (século XVIII).
O púlpito com o Crucificado ao fundo.
Detalhes do retábulo-mór, camarinha e forro pintado.
Retábulo lateral de Nosso Senhor dos Passos.
Magnífico quadro de Nossa Senhora da Glória.
A originalidade da torre externa posta à entrada.
É notável o empenho da comunidade de Passagem de Mariana, que tradicionalmente cultua a Arte sob diversas formas, pela conservação de sua Matriz e da notável coleção de imagens sacras nela contidas. Esse esforço permitiu que o conjunto de bens culturais atravessasse o tempo em ótimas condições de conservação, verdadeiro exemplo para aqueles que vivem nas regiões históricas.